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Professora do Campus Bambuí desenvolve tabela periódica em Libras
Professores que trabalham com educação inclusiva passam a contar com uma importante ferramenta para ensinar química a estudantes surdos. Num trabalho pioneiro, a professora do IFMG - Campus Bambuí, Alda Ernestina dos Santos, desenvolveu uma tabela periódica na Língua Brasileira de Sinais, a Libras, em formato digital e interativo. O material é o primeiro a ser desenvolvido no país.
“Tabelas periódicas em Libras são quase que novidade no Brasil, uma vez que as que existem adaptadas são para atender principalmente alunos deficientes visuais. No processo de pesquisa sobre o tema, encontrei três estudos relatando a produção de tabelas em Libras, sendo todas em material impresso. O diferencial do material que criei é que, além de digital, sua interface é totalmente interativa”, afirma a professora.
Disponibilizada gratuitamente em formato PDF, a tabela pode ser baixada neste link ou no site tabelaperiodica.org, onde já foram registrados milhares de downloads do material, disponível desde 27 de julho. Ao baixar o arquivo e abri-lo, basta clicar em um dos 118 elementos químicos no menu principal para ter acesso à representação em Libras e demais informações sobre o elemento.
“Apesar de ter sido criada com o intuito principal de auxiliar professores, a Tabela Periódica Inclusiva é também um interessante material para alunos que desejam aprender a representação em Libras e conhecer as principais propriedades dos elementos químicos. São apresentadas informações importantes como número atômico, massa atômica, distribuição eletrônica, estado físico nas condições normais de temperatura e pressão e o grupo a que pertence”, explica.
De acordo com Alda, existem sinais específicos em Libras para representação de alguns termos da química, mas os elementos químicos são representados basicamente por seus símbolos, que incluem de um a três letras do alfabeto. O trabalho da docente, que contou com o auxílio de duas servidoras do Campus Bambuí, a intérprete de Libras Layse Moura e a professora Vássia Soares, que participaram da revisão dos sinais e do conteúdo técnico, consistiu justamente em representar os símbolos dos elementos dentro da Libras.
Material inclusivo
O projeto foi desenvolvido integralmente durante o período de pandemia, entre os meses de abril e julho. “Tive a ideia após participar de um curso online de Libras e também para contribuir na produção de materiais didáticos do Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napnee). Todo o planejamento e criação do material, desde o layout até a configuração dos links de acesso aos elementos foi desenvolvido exclusivamente por mim”, contou.
Por ser integrante do Napnee, a professora considera o desenvolvimento de materiais adaptados essencial para promover um ensino mais inclusivo e eficiente. Neste sentido, Alda acredita que a tabela periódica em Libras poderá ser adotada como material de apoio a professores de química e de ciências de todo o país.
“Tenho recebido um feedback muito positivo de diversas instituições que têm adotado o material e nos ajudado na divulgação. Cito como exemplo o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, que incluiu a tabela em seu acervo de materiais didáticos adaptados e recomendou o seu uso à comunidade escolar. Acredito muito no potencial da Tabela Periódica Inclusiva e, por isso, estamos transformando-a em um app para dispositivos móveis. O projeto conta atualmente com a participação de mais dois professores do campus e de um aluno do curso de Engenharia da Computação”, complementa.