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Acreditar é preciso: aos 55 anos, cidadão de Bambuí se forma em Administração
“Não desistir e acreditar, porque Deus nos ajuda sempre. Não basta ter só vontade, é importante ter o incentivo da família e dos amigos. No meu caso, também tive ajuda da empresa em que trabalho e isso foi essencial para a conclusão do meu curso”. Com essas palavras, o formando em Administração pelo Campus Bambuí Geraldo Donisete da Silva, de 55 anos, deixou seu recado a todas as pessoas que pensam estar velhas para voltar a estudar.
E os sonhos do Geraldo não param por aí. Ele também planeja passar em um concurso público e, por que não, fazer uma pós-graduação.
O formando conta ainda que, em 2009, fez o Enem pela primeira vez, como também seu primeiro vestibular para Administração. “Para minha surpresa, das 40 vagas disponíveis, passei em 11º lugar. Foi um dia muito feliz, principalmente porque iria fazer um curso superior. Era tudo que eu havia sonhado. Demorei para me formar, confesso, tive dificuldades como passar em cálculo, por exemplo, mas cheguei até o final”, comemora Geraldo.
Para sua filha Estefânia Paula da Silva, que se formou em Engenharia de Produção no IFMG – Campus Bambuí, um dia após a colação dele, seu pai foi um grande companheiro de estudo, pois quando tinham disciplinas em comum, estudavam juntos e dividiam anotações.
Com a palavra, os formandos
“Tenho 7 irmãos, um deles formado em Administração, uma irmã formada em Pedagogia, uma técnica em Enfermagem e um irmão que, atualmente, faz curso técnico em Farmácia.
Os mais novos vieram para a cidade e puderam concluir o ensino fundamental e médio. Na roça era muito difícil, tínhamos que percorrer um longo caminho. Debaixo de sol quente e chuva, com os pés descalços. A vontade que meus pais tinham de ver os filhos formados era grande, mas a triste realidade impossibilitou que continuássemos, pois tivemos que trabalhar e ajudar nossos pais. Então, pude estudar até a antiga quarta série.
Voltei a estudar no final de 2001, quando deixei o trabalho árduo do campo e virei cuidador de idoso, e aí tinha tempo para me dedicar aos estudos. Concluí o ensino fundamental e, em 2004, participei de um concurso para porteiro da MGS. Iniciei o trabalho na MGS em março de 2005 e, então, resolvi fazer o ensino médio. Como tinha dificuldade em matemática, deixei essa disciplina para o final e, em 2009, fiz o Enem pela primeira vez”.
Geraldo Donisete da Silva, de 55 anos
“Eu incentivei meu pai a fazer o curso superior. No começo, ele achou que não conseguiria. Quando saiu o resultado do vestibular e ele viu que passou em 11º, ficamos em êxtase. Comemoramos muito. Acompanhei a dedicação que ele teve todos esses anos. Foi uma luta mesmo, ele quase desistiu. Mas resolveu encarar a batalha até o fim. Eu tenho que dizer: tenho um imenso orgulho do meu pai. Ele é exemplo de caráter, honestidade, resiliência e perseverança. Ele me ensinou a nunca desistir. Somos capazes, temos apenas que acreditar em nosso potencial. ”
Estefânia Paula da Silva, sua filha