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Projeto de Ouro Preto contribui para tombamento de antiga estrada que ligava Vila Rica a Cachoeira do Campo
Importante via de acesso entre os palácios de Cachoeira do Campo e Ouro Preto nos tempos coloniais, a estrada aberta a mando do então governador Dom Rodrigo José de Menezes, em 1782, poderá ser tombada como patrimônio cultural em função do seu valor histórico. A partir de dossiê elaborado por alunos e professores do curso superior de tecnologia em Conservação e Restauro do Campus Ouro Preto, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural de Ouro Preto (COMPATRI) concedeu, no ano passado, o tombamento provisório do trecho compreendido entre as duas estradas, que tem extensão de 6Km. O processo segue em andamento.
O documento utilizado como base para o tombamento resulta de um projeto de pesquisa em interface com a extensão orientado pelo professor e historiador Alex Bohrer. “O projeto, em sua primeira edição, encarregou-se de buscar formas de acautelamento dessa estrada e produziu documentação para que se efetuasse o uso de instrumentos de salvaguarda, além de um trabalho didático com a comunidade. A partir da pesquisa realizada na primeira etapa, tomamos como foco principal, na nova edição, o acompanhamento do processo de tombamento da estrada junto ao Conselho Patrimonial de Ouro Preto, além de aprimorar as atividades relacionadas à sensibilização com as comunidades, visando ressaltar a importância de proteção da estrada de Dom Rodrigo e de seu patrimônio”, explica o professor. Também participaram da elaboração do dossiê integrantes do Núcleo de Estudos da Arte Luso-mineira que, igualmente, é fruto do projeto sob orientação do historiador.
A estrada
A aluna Tássia Rocha, bolsista do projeto, conta que a estrada de Dom Rodrigo José de Menezes substituiu uma mais antiga e passou a ser usada como atalho, especialmente pelos tropeiros, por ser bem menos sinuosa, íngreme e cansativa. “No meio do caminho ele mandou construir também um chafariz, que foi tombado como patrimônio em 2007, em nível municipal. A estrada tem importância histórica e também arqueológica, mantendo preservados alguns muros de pedra, arrimos, partes de calçamento e construções da época, além de plantas medicinais utilizadas pela comunidade até os dias atuais”, conta.
“Uma fantástica obra de engenharia colonial, a estrada de Dom Rodrigo oferece um passeio único pela imponente serra, outrora chamada Serra da Cachoeira (hoje conhecida como Serra de Ouro Preto). Além do Chafariz de Dom Rodrigo, neste entorno encontra-se também a Fazenda Caiera, datada de 1727”, reforça Bohrer.
Educação Patrimonial
Paralelamente à pesquisa, a vertente extensionista do projeto mantém um trabalho de educação patrimonial nas comunidades de entorno, voltado especialmente para o público infanto-juvenil. O objetivo é despertar o sentimento de pertencimento pelo patrimônio e sua corresponsabilidade no que tange à preservação da estrada de Dom Rodrigo e arredores.
“Temos realizado atividades em escolas dos distritos de Glaura, São Bartolomeu e Cachoeira do Campo, com crianças e adolescentes entre quatro e 12 anos. Por meio de atividades lúdicas e recreativas, tentamos mostrar para eles que tudo aquilo tem uma importância muito grande e vai ficar para a posteridade, e que para isso é preciso cuidar. Explicamos, ainda, a diferença entre patrimônio público e privado. Eles fazem associações e compreendem bem, muitas vezes até nos surpreendem”, conta Tássia.
Ainda segundo a bolsista, o trabalho, cujo foco é mostrar que os distritos têm tanta importância quanto a sede para a história de Ouro Preto, tem ganhado grande repercussão entre as comunidades, que muitas vezes chegam a solicitar à equipe que compareçam a uma determinada escola ainda não visitada. “O trabalho de educação patrimonial proporcionou uma rica experiência de trocas entre a comunidade e a academia, mostrando que ambas devem caminhar juntas no processo de construção do conhecimento. Acho que falta educação patrimonial nas escolas. É muito necessário, mas enquanto não tem, vamos trabalhando com projetos como esse. A academia tem que ajudar nesse sentido”, enfatiza.
Fonte: (Comunicação Campus Ouro Preto)