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Nanotecnologia brasileira: pesquisadora do IFMG desenvolve solução para tratamento de água contaminada

Engenheira de Segurança do Trabalho da Reitoria cria material inovador com nióbio e sílica que remove poluentes da água e ganha destaque em revista científica internacional.
publicado: 07/07/2025 15h26, última modificação: 10/07/2025 15h50

Uma pesquisa desenvolvida no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) resultou na criação de um material com potencial para contribuir significativamente para o tratamento de águas contaminadas. O estudo, assinado pela engenheira de segurança do trabalho, Carla de Albuquerque Dias, que atua na Reitoria do IFMG, foi publicado na revista científica Materials Research, classificada no estrato A2 do Qualis Capes na área de Engenharias II, de acordo com a Plataforma Sucupira.

A pesquisa, intitulada Synthesis and Application of SiO₂/NbOx Composites for Environmental Remediation by Adsorption, apresenta um nanomaterial composto por nióbio e sílica, com capacidade de remover contaminantes orgânicos presentes na água. A combinação dos dois elementos, ambos acessíveis e de baixo custo, resulta em um adsorvente de alto desempenho, capaz de remover substâncias como pesticidas, fármacos, cosméticos, solventes e até microplásticos.

A autora, Carla de Albuquerque Dias, explica o funcionamento do material desenvolvido. “O nanomaterial funciona como adsorvente, capaz de reter contaminantes em sua superfície por meio de interações químicas e físicas. Sua estrutura amorfa e porosa aumenta a capacidade de adsorção, o que melhora a eficiência do processo", disse ela.

Clique aqui | Acesse o artigo “Synthesis and Application of SiO2 /NbOx Composites for Environmental Remediation by Adsorption”

Segundo Albuquerque Dias, a pesquisa que teve início durante a pandemia da Covid-19,  surgiu da preocupação em encontrar soluções tecnológicas que aliem eficiência, viabilidade econômica e responsabilidade ambiental. “O material foi desenvolvido por meio de moagem mecânica de alta energia, seguida de tratamento térmico. Esse processo resultou em um nanocompósito (material que combina diferentes propriedades físicas e químicas, resultando em desempenho superior) projetado especificamente para a recuperação ambiental de águas contaminadas. Pensamos esse nanomaterial como uma solução ecologicamente correta, com impacto direto na saúde humana e nos ambientes aquáticos”, explica a pesquisadora.

Aplicações promissoras 

O estudo encontra-se em estágio inicial de desenvolvimento tecnológico (nível TRL-3), mas os resultados obtidos em laboratório indicam grande potencial de aplicação em sistemas de tratamento de água. Além disso, o nanomaterial pode ser adaptado para a remoção de metais pesados e para a recuperação de áreas degradadas, como solos contaminados.

A escolha pelo nióbio, elemento abundante no Brasil, e pela sílica, material de fácil obtenção e ampla superfície de contato, foi estratégica. Juntos, eles formam uma base sólida para um adsorvente com propriedades físico-químicas adequadas à recuperação ambiental. 

“Os avanços em nanoadsorventes contendo nióbio mostram que é possível desenvolver soluções sustentáveis, de baixo custo e com alto impacto na proteção dos recursos hídricos. A expectativa é que, com novos testes e validações em sistemas operacionais, a tecnologia possa ser aplicada em larga escala, inclusive em estações de tratamento de água”, destaca Carla.

“Os avanços em nanoadsorventes contendo nióbio mostram que é possível desenvolver soluções sustentáveis, de baixo custo e com alto impacto na proteção dos recursos hídricos", afirma a autora.

Reconhecimento e trajetória

A publicação na Materials Research representa um marco importante na trajetória da servidora, que ingressou no IFMG por redistribuição a partir do Instituto Federal do Amazonas (IFAM). 

“Quando vim redistribuída de Manaus, do IFAM, foi com o propósito de continuar me qualificando. Enfrentei muitos desafios, e um deles foi ter iniciado o doutorado justamente no ano da pandemia, quando perdi muitos amigos e familiares de Manaus. Na época, também estava fiscalizando a execução do Sistema de Proteção e Combate a Incêndio (SPCI) aqui na Reitoria do IFMG. Ter concluído esse ciclo é mais que uma conquista acadêmica; é também uma vitória pessoal”, relembrou.

Classificação Qualis

No contexto da classificação Qualis - sistema utilizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para avaliar a qualidade dos periódicos científicos -, o estrato A2 corresponde ao segundo nível mais alto na hierarquia de excelência acadêmica. Essa classificação indica que o periódico possui alta relevância científica, tanto no cenário nacional quanto internacional, sendo referência na divulgação de pesquisas de impacto na área de Engenharias II.