Notícias
Estudante do curso técnico vence concurso nacional de desenho
A sensibilidade e o talento para o mundo das artes fez com que Gabriela Araújo Reis, aluna do 3º ano do curso técnico Integrado em Meio Ambiente do IFMG – Campus Governador Valadares, se destacasse no 1º Concurso Sua Arte no Livro Didático, realizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A estudante concorreu com alunos de todo Brasil, e foi a vencedora da região Sudeste.
A competição é voltada à participação de estudantes do ensino médio de escolas públicas de todo país e o desafio era desenhar a Bandeira Nacional. A análise dos trabalhos foi baseada em cinco critérios: criatividade, contemporaneidade, harmonia estética, autenticidade e expressividade. A comissão avaliadora foi composta por um ilustrador profissional, três servidores do FNDE e uma aluna da rede pública de ensino do Distrito Federal.
Prêmios
A ilustração de Gabriela, juntamente com as quatro melhores selecionadas das demais regiões do país, integrará a quarta capa de livros didáticos que compõem o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) destinado a atender ao ensino médio a partir de 2021.
As demais premiações previstas no edital aos cinco primeiros colocados por região incluem um computador e uma viagem à cidade de São Paulo para a premiação do concurso durante a Bienal Internacional do Livro. Esta última atividade, devido à pandemia da Covid-19, ainda não foi confirmada pelo FNDE, podendo ocorrer na modalidade remota.
Confira mais detalhes dessa história na entrevista que fizemos com a aluna Gabriela Araújo
Como ficou sabendo do concurso e por que decidiu participar?
Eu fiquei sabendo pela Rejane, bibliotecária do Campus. No início não pensava em participar, mas ela me incentivou muito. Então, aproveitei o início da quarentena e decidi me inscrever, até também para treinar um pouco meus desenhos feitos no papel.
Como foi o seu processo de criação, suas fontes de inspiração? Teve apoio/orientação de alguém?
A história é um pouco longa, mas vou tentar ser o mais breve possível, prometo! (risos) Tenho uma personagem que criei dentro de um universo de animação. Como a avó e a bisavó dela são indígenas brasileiras, eu andava estudando bastante pra criar os designs delas. Dessa forma, para a ilustração do concurso, eu acabei chegando às lutas atuais dos povos indígenas e na nossa mitologia brasileira, que é muito rica e digna de orgulho e que, felizmente, vêm ganhando visibilidade com a série nacional Cidade Invisível.
Na parte azul da bandeira, eu desenhei a Iara com o cabelo azul, pois ela é a mãe das águas. Eu a idealizo como uma indígena. Tentei transpassar ao máximo a ideia de uma mulher forte e que está lutando por algo, porque pra mim isso é algo muito atual. No cabelo dela eu coloquei as estrelas, e no arco a maior delas representando a estrelinha Spica, estrela do Pará que era o maior território acima do Equador.
Na parte amarela eu desenhei elementos do samba, como instrumentos musicais, porque essa cor representa nossos tesouros e, para mim, o maior tesouro brasileiro é nossa herança cultural. Porque é algo que jamais pode ser tirado de nós e que merece muito mais valor do que lhe é atribuído.
Na parte verde eu desenhei uma floresta. Na época, lembro que estavam fazendo campanhas contra as queimadas na Amazônia, porque a cada ano a porcentagem de área devastada aumentava. Eu desenhei a floresta bem verde e bonita, porque era assim que ela deveria estar: verde, bonita, protegida e respeitada. Por fim, na faixa eu escrevi “Natureza e Respeito”, porque a natureza sempre esteve aqui muito antes de nós e, além de respeitá-la, deveríamos valorizar e respeitar nossa cultura e nossas origens.
Todo esse processo criativo eu fiz sem orientação direta. Mas graças aos ensinamentos dos meus ex-professores Gilson [Costa] e Tayanne [Medeiros], do IFMG-GV, eu fui capaz de me atentar à parte estética do desenho com muito mais crítica e sensibilidade.
Qual o seu sentimento diante do resultado obtido?
Eu estou muito feliz! No início não tinha pretensão de ganhar. Mas é claro que uma vitória de âmbito nacional é muito gratificante. Passei a minha vida toda (e olha que nem sou muito velha) querendo ser notada por algo que eu fazia bem. Isso desde o fundamental I, porque eu sempre quis que mais alguém conhecesse minhas ideias. Eu passei muito tempo me dedicando à minha arte. Então, finalmente ter esse esforço reconhecido é algo muito arrebatador. Fiquei tão feliz que saí pulando e contando pra todo mundo. Afinal, eu estava concorrendo com outras pessoas igualmente incríveis, e saber que estou representando toda uma região, quatro estados, é muito legal.
Que mensagem gostaria de deixar para os seus colegas e outros estudantes no intuito de incentivá-los a participar da próxima edição desse concurso e mesmo de outros?
Bom, não sou boa com palavras motivadoras, mas… Eu sei que a arte não é muito valorizada atualmente e muitos a descredibilizam. É difícil se manter confiante em algo quando parece que ninguém aprecia o que você faz. Mas a arte é um universo muito vasto e com muitas camadas que você pode explorar. Enquanto você amar o que faz, enquanto isso tirar de você o estresse, a angústia, puder expressar toda sua felicidade e seus pensamentos, é algo a se manter, é algo que vale a pena continuar. E nesse caminho sempre existirão pessoas que te apoiam. A arte está interligada com todas as áreas de conhecimento, inclusive como ferramenta de ensino. Se você tem algo pra compartilhar, agarre qualquer oportunidade que surgir; esses concursos são uma delas. E se você não vencer (eu mesma perdi em outros concursos) é ainda uma oportunidade de crescer e melhorar. Não desistam, porque o trabalho que nós artistas fazemos é muito importante!