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Iniciativas contribuem para a promoção da saúde da mulher no Campus Ouro Branco

Ações desenvolvidas e disponibilização de kits de higiene buscam conscientizar e promover cuidados com o corpo e com a higiene menstrual.
publicado: 10/03/2023 08h47, última modificação: 10/03/2023 10h17

Os cuidados com o corpo e a saúde das mulheres são temas importantes e precisam de atenção. Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Para auxiliar a comunidade feminina do Campus Ouro Branco diversas ações têm sido realizadas ao longo dos últimos anos.

Desde 2016, a instituição tem adquirido absorventes que são disponibilizados às alunas em casos de necessidade. Em 2019, a partir de eventos voltados para o público feminino, passaram a ser disponibilizados kits de higiene nos banheiros femininos da instituição. “Inicialmente, além dos absorventes, as caixinhas de higiene continham diversos produtos para o cuidado com o corpo e a saúde, como desodorante, sabonete, lenço umedecido, fio dental e pasta de dente”, relembram as servidoras Thaís Periard e Patrícia Castro. Contudo, a ação para todos estes produtos necessitava de doações, o que inviabilizou a disponibilidade contínua destes itens.

Hoje, a comunidade do IFMG encontra absorventes disponíveis na Seção de Assuntos Estudantis ou nos banheiros do campus. Além disso, recentemente, o projeto de extensão “Coletivo Matricárias” também se envolveu e tem auxiliado nesta proposta. Segundo Lawrence de Andrade, diretor-geral do Campus Ouro Branco, a proposta é ampliar o fornecimento de absorventes diante da importância de atividades educativas relacionadas aos cuidados com o corpo para que alunas não se sintam constrangidas ao solicitar este produto. “Iremos propor também à Reitoria que seja pensada uma política para o atendimento e fornecimento de absorventes a todas as estudantes em condições de vulnerabilidade social”, defende.

Higiene menstrual no Brasil

Diante do pouco dinheiro para produtos básicos de sobrevivência, são adolescentes o alvo mais vulnerável à precariedade menstrual. Sofrem com dois fatores: o desconhecimento da importância da higiene menstrual para sua saúde e a dependência dos pais ou familiares para a compra do absorvente, que acaba entrando na lista de artigos supérfluos da casa. A falta do absorvente afeta diretamente o desempenho escolar dessas estudantes e, como consequência, restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, do IBGE, revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos que deixaram de fazer alguma atividade (estudar, realizar afazeres domésticos, trabalhar ou até mesmo brincar) por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data da pesquisa, 2,88% delas deixaram de fazê-la por problemas menstruais. Para efeitos de comparação, o índice de meninas que relataram não ter conseguido realizar alguma de suas atividades por gravidez e parto foi menor: 2,55%.

Dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada dez meninas falta às aulas durante o período menstrual. No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes. O ato biológico de menstruar acaba por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades entre os gêneros.

Segundo a PNS 2013, a média de idade da primeira menstruação nas mulheres brasileiras é de 13 anos, sendo que quase 90% delas têm essa primeira experiência entre 11 e 15 anos de idade. Assim, a maioria absoluta das meninas passará boa parte de sua vida escolar menstruando. A opção por ficar em casa é justificada ao se ver quão hostil pode ser o ambiente escolar para estudantes que menstruam. Como ainda estão em fase de crescimento, os ciclos costumam ser irregulares, o que pode provocar um fluxo de sangue inesperado, manchando a roupa e as tornando alvo de brincadeiras de mau gosto e preconceito. Além disso, não há, em boa parte das escolas, infraestrutura de higiene suficiente para atender suas necessidades básicas.

De acordo com o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, divulgado pelo Unicef e pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em 28 de maio, Dia Internacional da Dignidade Menstrual, mais de 4 milhões de estudantes frequentam colégios com estrutura deficiente de higiene, como banheiros sem condições de uso, sem pias ou lavatórios, papel higiênico e sabão. Desse total, quase 200 mil não contam com nenhum item de higiene básica no ambiente escolar.

Outras iniciativas

Neste período, diversas palestras e rodas de conversas foram realizadas para conscientizar as mulheres em relação aos cuidados com o corpo, além de favorecer o fortalecimento do empoderamento feminino. Além de abordar temas como ginecologia natural, saberes ancestrais sobre o corpo e alternativas ao absorvente, também são realizados debates sobre violência contra mulher, combate ao machismo, mulheres na ciência e mulher no mercado de trabalho.